E
de Beth
Ninguém
te chama pelo seu nome, inclusive eu. Acho que é muito carinho e
gratidão envolvidos que fazem as pessoas rapidamente trocarem o
Elizabeth pelo Beth, Bethinha, Betuca. Ou no meu caso, mãe.
Outro problema de escrever mensages
para você é que elas soam repetitivas e essa é a parte cruel
porque eu não consigo escrever um texto em prosa se minha garganta
se embarga toda vez que lembro de tudo. De como você sempre me
protegeu, do seu sorriso, da sua risada, do calor do seu corpo,
daquelas noites mal dormidas onde ninguém além de você conseguia
me acalmar.
x
Nenhum
desses nomes parecem conter os mil universos que você faz parte,
entre professora, enfermeira, mãe, amiga, companheira, irmã,
cunhada… Você sempre se multiplicou de um jeito mágico que me
fazia sonhar e ao mesmo tempo me prende no chão.
É
que você é meio avoada, um pouco distraída e capaz de passar dias
pintando, desenhando, procurando novidades e fazendo coisas pela
casa. Mas, você com mais frequência que não, também é firmamento
que se mantém independente do tamanho das batalhas ou das chances
que temos de ganhar. É resiliência perante a vida.
Você
é fé. Fé nas pessoas, fé no mundo e fé na gratidão que existe
nele. Para que ter pressa em julgar quando nós mesmos não somos
perfeitos? E sempre repetindo que vai acontecer, o que tem que
acontecer e a gente vai lidar com isso da melhor maneira possível. O
amanhã ainda não chegou para tentarmos viver nele.
Você
também é cética, rígida e detalhadamente didática, o que fez com
que eu soubesse em mínimos detalhes o que aconteceria se eu caísse
de cabeça. Aqueles momentos que você para e explica as coisas
daquele seu jeito muito honesto, fazendo perguntas que incomodam e
réplicas cheias de questionamento acompanhadas daquele meio sorriso
travesso. Você prefere a dureza da resposta sincera do que amenizar
as coisas.
A
gente brinca que você é a pior pessoa boa que conhecemos. É meio
verdade, você está sempre buscando ajudar os outros sem nem notar.
“O que uma mão faz a outra não precisa saber” e nos momentos
dedicados aos outros aquela pessoa é a pessoa mais importante do
mundo. Sempre dando o seu melhor, mesmo estando cansada, sempre
disposta a tentar. Com seu sorriso você conquista e todos que foram
tocados por você lembram seu nome e falam sobre como você foi
inspiradora para isso.
Só
que você também é irônica, um tanto sarcástica e não tem
ocasião que te faça rir mais do que quando um de nós leva algum
tombo (leve). Ou as piadas de humor negro que sempre te fazem
gargalhar.
Você
me ensinou que
quando andamos juntos, andamos melhor. Que
não temos que ser considerados com os outros, mas o que deveríamos
ser alem disso?
Afinal,
o
outro tem seus problemas, sua vivência e que eu tenho que pensar
nisso. Me ensinou a aceitar o que eu não entendo e a lutar pelo que
eu acredito, mas
não posso
impor minha opinião (que,
com certeza, não é perfeita ao ponto que eu não tenha o que
aprender).
Você espera, você pergunta, se esforça para ver o bem em todos.
Para
aquela
que verdadeiramente vai sempre me apoiar e seguir meus passos, me
aconselhar e respeitar meus posicionamentos. Que vai se preocupar
comigo, mesmo quando eu nem ligar para
mim.
Que vai observar
meus passos e se certificar se eu estou bem, mas
deixar eu errar.
Você me pede tão pouco que fico até envergonhada por tudo que você
faz por mim.
Você
que é inspiração para tantos, veio a ser minha mãe. Não consigo
imaginar o que eu tenha feito antes de nascer para merecer tanta
honra. E eu tenho certeza que quando você nasceu o mundo ficou um
pouco mais iluminado. Obrigada por existir
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