sábado, 5 de novembro de 2016

Desesperançado

Texto de 05/2010 
É possível ouvir ,a alguns passos de distância, sua respiração.Quase sem fôlego, ele corre sem destino, buscando um esconderijo contra o inevitável. Tosse. Na mão elevada a boca se encontra respingos de sangue. O terror percorre seus olhos. E neste momento ele para de correr. Uma dor agoniante percorre todo o seu corpo assim que ele relaxa. Uma varredura brusca o leva a origem da mesma.
O corte vertical possuia uma extensão mínima, se iniciava perto do final do osso externo até a altura do baço. A profundidade do corte mostrava que quem o fez estava de posse de uma lâmina afiada e que possuia o mínimo de perícia. O corte era limpo, não sangrava demasiadamente, apesar de desconfiar de uma perfuração em algum dos órgãos. Provavelmente foi feita enquanto estava desacordado.
O que não era capaz de entender era o porque de tal ação. Era um sujeito pacato, entregou seus pertences sem pestanejar.Ele se recordava apenas do soco forte e dos homens o cercando. Não possuia muitos bens, apenas uns briquebraques sem valor comercial.
O porque de tal violência o encucava. Tudo o que tinha em mãos já pertencia a eles... Por que o corte?
O medo o assombrou momentaneamente. Medo de uma sociedade que já não mais respeitava ninguem. De uma sociedade que matava os inocentes sem justificativas, por mais bobas que estas sejam. Sente neste momento a dor que apenas o estado lastimável que o mundo se encontra pode causar.
A dor da inatividade, da fraqueza, de saber que se é inútil tentar, de como é insuportável viver em um mundo tão obscuro e tão vazio. Poderiam dizer a ele, alguém poderia sussurrar em seu ouvido que a humanidade não é toda assim. Não obstante, ele não é um tolo. Ele conhece a realidade.
Se apercebe que correr não é mais importante. Considerando a extensão de seu corte, se estivessem atrás dele já o teriam alcançado. Agora ele foge da dor. Busca com os olhos um abrigo, qualquer local em que possa descansar sem correr o risco de se aproveitarem de sua fragilidade. Acha difícil que um local deste exista, mas ele busca. Com a falsa esperança dos tolos.
"Aproveitador"
"Usurpador"
"Acha que eu sou trouxa?"
"Deixar você descansando? Por quanto?"


As reações diversas mostram a ele que sem dinheiro você é outra pessoa. A bondade das pessoas é constantemente proporcional ao peso que tens nos bolsos e esta é a tola verdade. Cambaleando, após sair do último estabelecimento, ele se encosta a uma quina. Sente sua mente falhar. Seus pensamentos não mais soam lógicos. Tudo o que sente depois é o concreto frio.


Texto mal escrito e antigo. Postado apenas para eu parar de pensar nele.

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